Este estudo parte de uma revisão do conceito de fronteira no intuito de fornecer um modelo explicativo para os efeitos espaciais decorrentes das interações espaciais entre “cidades gêmeas”, as quais correspondem à ocorrência simétrica (aos pares) de núcleos urbanos sobre a linha de fronteira entre os Estados Nacionais. A ênfase nos fenômenos interativos apresenta-se como alternativa às análises fundamentadas no “efeito-barreira”, segundo o qual os limites internacionais representariam obstáculos às trocas entre os centros urbanos. O conceito de zona de fronteira é utilizado para qualificar os subespaços estruturados em função destas interações. Como exemplo para aplicação do modelo proposto é apresentado o caso do espaço fronteiriço do alto Paraná, formado pelas áreas do leste paraguaio e do extremo-oeste paranaense. Esta região é analisada, primeiramente, à luz de sua evolução histórica, desde fins do século XIX até a década de 70, enfatizando a influência da política territorial dos Estados Nacionais na configuração da região do leste paraguaio como espaço periférico à economia do oeste paranaense. A partir da década de 80, o processo acelerado de urbanização contribuiu para uma diferenciação interna da zona fronteiriça. Procura-se então demonstrar que a reorganização deste espaço foi em grande medida tributária dos efeitos espaciais associados ao incrementeo das trocas entre as cidades-gêmeas de Foz do Iguaçu (BR) e Ciudad del este (PY).
Ribeiro, L.P. 2001. As cidades gêmeas Foz do Iguaçu e Ciudad del Este: Interações espaciais na fronteira Brasil – Paraguai. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.