Uma das áreas estratégicas menos conhecida do país, apesar de ter sido a primeira a ser oficialmente reconhecida como tal, é o território que margeia o limite continental do Brasil. Concebida ainda no Segundo Império (século XIX), a faixa de fronteira atual teve sua largura ratificada em 1979 (lei 6.634), compreendendo todos os municípios total ou parcialmente cortados por uma linha poligonal de 150 km a partir da divisória. É dos poucos países das Américas a estabelecer por lei um território fronteiriço regido por normas especiais. Sem dúvida o interesse estratégico da área provinha, e ainda provém, primordialmente, da imposição de defesa do perímetro de um vasto território ainda pouco povoado e insuficientemente articulado. Esse o papel da rede de defesa e vigilância ao longo da fronteira, porém este tipo de tecnologia de poder apresenta hoje limitações. As redes de articulação entre processos sociais, políticos e econômicos internos e externos ao estado nacional tem acentuado a interpenetração entre segurança externa e segurança interna (vigilância fitosanitária, tráfico de ilícitos, lavagem de dinheiro, etc.). Trata-se também de saber lidar com o fato consumado de que novas formas de controle, vigilância e conhecimento do território podem ser ativadas desde o exterior do espaço nacional numa escala desconhecida anteriormente.
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Machado, L.O. 2005. Ciência, tecnologia e desenvolvimento regional na Faixa de Fronteira do Brasil. Parcerias Estratégicas 20(2): 747-766.