A faixa de fronteira do Brasil com os países vizinhos foi stabelecida em 150 km de largura (Lei nº. 6.634, de 2/05/1979), paralela à linha divisória terrestre do território nacional. A largura da faixa foi sendo modificada desde o século XIX por sucessivas Constituições Federais (1934; 1937; 1946) até a atual, que ratificou sua largura em 150 km. A preocupação com a segurança nacional, de onde emana a criação de um território especial ao longo do limite internacional continental do país, embora legítima, não tem sido acompanhada de uma política pública sistemática que atenda as especificidades regionais, nem do ponto de vista econômico nem da cidadania fronteiriça. Motivos para isso não faltaram até o passado recente, como a baixa densidade demográfica, a “vocação atlântica” do país, as grandes distâncias e as dificuldades de comunicação com os principais centros decisórios.
O momento atual apresenta novos condicionantes, perceptíveis em diversas escalas geográficas, que tornam imperativa a mudança de perspectiva do Estado nacional em relação à fronteira continental. Nas escalas global e continental há um aprofundamento de dinâmicas que desafiam os sistemas tradicionais de controle territorial dos estados nacionais, em virtude de mudanças nas condições técnico-tecnológicas no campo da produção e troca de informações e da proliferação de estratégias e planos de ação de organismos internacionais e empresas transnacionais. Deve-se destacar também a disseminação de processos que exigem tratamento bilateral ou multilateral, como a implantação e desenvolvimento de agrupamentos funcionais dos Estados Nacionais (MERCOSUL, Comunidade Andina), a integração da malha viária sul-americana, a intensificação do tráfico de armas e drogas ilícitas na Zona de Fronteira e a expansão dos movimentos migratórios e pendulares na região. Os Estados en-contram-se, portanto, diante da necessidade de ajustar suas políticas públicas à ‘permeabilidade’ das fronteiras e, ao mesmo tempo, fomentar a articulação da Faixa de Fronteira às outras regiões do país, diante do fato dela estar situada à frente do processo de integração sul-americana.
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Machado, L.O. ; Ribeiro, L.P. ; Steiman, R. ; Peiter, P. ; Novaes, A. 2005. O desenvolvimento da faixa de fronteira: uma proposta conceitual-metodológica. Em: Tito Carlos Machado de Oliveira org. Território sem limites. Estudos sobre fronteiras. Campo Grande: UFMS.