O presente trabalho tem por finalidade analisar o desenvolvimento da rede bancária na Amazônia Legal no período entre 1961 e 1995, suas relações com o processo de urbanização na região e o processo de concentração bancária ocorrido no país após a reforma financeira de 1964-67.

Para atingir este objetivo foram coletados dados referentes ao número de agências bancárias por municípios para os anos de 1961, 1971, 1981, 1985 e 1995, bem como dados de população urbana para os municípios onde verificou-se a existência de agências bancárias para os anos já mencionados. A partir destes dados foi elaborada uma série de cinco mapas visando a análise do padrão de distribuição espacial das agências e do desenvolvimento da rede bancária no tempo.

Algumas questões tornaram-se de grande importância para compreensão do tema: Como se comportou a taxa de concentração bancária região? Existirá uma “sinergia” entre o desenvolvimento da rede bancária e a urbanização na região? Qual a importância do Estado no desenvolvimento bancário da região Amazônica.

Ao longo da pesquisa os resultados indicaram que assim como no restante do país a taxa de concentração bancária da região demonstrou crescimento, cabendo ressaltar que na Amazônia este crescimento foi bem menor que a média do país. Verificou-se ainda que alguns bancos lançaram suas agências  em locais que não constituíram cidades naquele dado momento e posteriormente estes locais emanciparam-se à condição de cidade, demonstrando haver uma relação sinergética entre os fenômenos de urbanização e expansão da rede urbana: se por um lado as instituições financeiras tem nas cidades seu suporte funcional-estratégico por excelência, utilizando-se deste território concreto, materializado para manutenção de suas relações com outros atores do meio social, por outro, estas instituições ao lançarem-se fora dos núcleos urbanos, materializando lá sua territorialidade, contribuem para o desenvolvimento do fenômeno urbano nestes locais, conforme verificou-se com a criação de cidades a posteriori nestes locais.

Os resultados também confirmaram o papel fundamental que o Estado desempenhou no desenvolvimento da rede bancária regional, participando diretamente num primeiro momento – 1961, com 67% das agências existentes na região – quando lá não existiam atrativos econômicos suficientes para possibilitar maior atuação dos bancos privados, num segundo momento retraindo sua atuação a medida que melhor inseria a Amazônia no mercado nacional, através da construção de rodovias, criação de incentivos fiscais, etc. possibilitando assim a entrada de muitos bancos privados de fora da região.

Cabe ressaltar ainda que antes desta entrada dos bancos de fora, também foi de grande importância a reforma financeira praticada pelo governo em 1964-67, que possibilitou o surgimento destas instituições financeiras fortes o suficiente para desempenharem uma atuação em escala regional e nacional.

A título de conclusão pode-se dizer que foi comprovada a hipótese levantada no trabalho de que a constituição da rede bancária na Amazônia Legal é marcada pela associação entre os processos de urbanização e o processo de integração da região ao mercado econômico nacional, no entanto, o tema não se esgota aqui, um vez que mudanças importantes nos quadros político, social e econômico estão em pleno desenvolvimento e podem produzir transformações a curto ou longo prazo na atual conjuntura.

Souto, E. M. 1998. A rede bancária na Amazônia 1961-1995. Monografia (Graduação em Geografia) – Departamento de Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.